Desde o fim de 2013, jovens têm organizado encontros pelas redes sociais, principalmente, em shoppings da capital paulista e da Grande São Paulo. Os eventos ficaram conhecidos como “rolezinhos”. Os maiores tumultos aconteceram no Shopping Metrô Itaquera.
Em 8 de dezembro, o “rolezinho” no Shopping Metrô Itaquera reuniu cerca de seis mil adolescentes, segundo a administração do centro comercial. Houve tumulto, a polícia foi acionada e o shopping fechou uma hora e meia mais cedo. Na época, pessoas que se identificaram como clientes e lojistas comentaram na página do Facebook do shopping que houve arrastão e furtos naquela noite de sábado. A administração negou a onda de furtos. Contudo, o portal G1 apurou que três pessoas foram presas por roubo.
A novidade deste tipo de encontro em lugares públicos-privados é que agora eles se estão acontecendo em shoppings. Por serem locais fechados e destinados à comercialização de produtos e serviços, as aglomerações nesta área impedem o trânsito das pessoas e prejudica o comércio. No entanto, já há algum tempo, estacionamentos de supermercados e postos de gasolina tem sido ocupados durante as noites nos finais de semana. Os organizadores definem os encontros como um “grito por lazer” e negam qualquer intenção ilegal. Porém, os eventos viraram alvo de investigações policiais quando foram transferidos para os shoppings.
Outros “rolezinhos” aconeteceram em diferentes centros comerciais, mas o de maior repercussão foi novamente no Shopping Itaquera. No sábado (11), a Polícia Militar utilizou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os participantes. Segundo a Polícia Civil, foram registrados dois roubos e um furto. Durante a confusão, ocorreu ainda um roubo na estação Itaquera do metrô, que fica junto ao shopping. Uma pessoa foi presa. Um adolescente foi detido e colocado à disposição da Vara da Infância e da Juventude.
Os shoppings Itaquera, Campo Limpo e JK Iguatemi ganharam liminares neste fim de semana (10, 11 e 12) impedindo as reuniões, sob pena de multa de R$ 10 mil para quem infringir a determinação.
O que diz a liminar
A liminar para o Shopping Itaquera foi emitida pela juíza Daniella Carla Russo Greco de Lemos na sexta-feira (10). Em seu despacho ela aponta que a Constituição prevê direito à livre manifestação, mas que ela deve ser exercida com limites.
“Contudo, essa prerrogativa deve ser exercida com limites. Ora, o exercício de um direito sem limites importa na ineficácia de outras garantias. De fato, se o poder de manifestação for exercido de maneira ilimitada a ponto de interromper importantes vias públicas, estar-se-á impedido o direito de locomoção dos demais; manifestação dem Shopping Center, espaço privado e destinado à comercialização de produtos e serviços impede o exercício de profissão daqueles que ali estão sediados, bem como inibe o empreendedorismo e a livre iniciativa. Saliente-se que os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são fundamentos da República”, argumentou a magistrada.
Foto do topo: Hugo Uchôa
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