abr 06, 2015 Notícias
Força motriz do Brasil, responsável por um terço do PIB de todo o país, a retração da economia do Estado de São Paulo prejudica até mesmo quem não é paulista. O potencial financeiro do Estado envolve 30% do parque fabril brasileiro, a maior rede de comércio e serviços do país e a segunda maior produção agropecuária.
Na esteira de uma economia nacional em crise, o desempenho industrial aparece como principal responsável pela retração da economia do Estado de São Paulo que afeta todo o país. Apesar de apresentar crescimento em Estados como Rio de Janeiro, segundo o IBGE, entre 2002 e 2010 São Paulo perdeu 2,5 pontos percentuais de participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, e mais 0,5 ponto percentual entre 2010 e 2011. Por ser um polo econômico do país, a retração da economia do Estado de São Paulo ocorre de maneira mais intensa do que nos outros governos da Federação.
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Além do IBGE, a Fundação Seade da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado, também divulgou dados negativos que confirmam a retração da economia do Estado de São Paulo. Segundo a Fundação, houve encolhimento de 1,7% entre novembro de 2013 e novembro de 2014. Ambas as instituições culpam a indústria pelos índices reduzidos. Além dos -7,9% da indústria, foram constatadas dificuldades no comércio, o setor decresceu 2,8% durante a década 2002/2012. Apesar de aparentarem pequenos, os números da retração da economia do Estado de São Paulo são bastante representativos quando se consideram os valores absolutos do PIB. Desde 2008, por exemplo, a perda acumulada apenas na capital paulista é de R$ 18 bilhões, segundo o IBGE.
O setor de serviços, base da economia paulista, mas que distribui salários mais baixos e que é pouco competitiva tanto interna quanto externamente, ganha espaço no PIB nacional frente a guerra fiscal promovida entre os Estados para atrair empresas. Em relação a isso, o governador de São Paulo levou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma série de ações em que pede a inconstitucionalidade de leis do Distrito Federal, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Pernambuco e Minas Gerais sobre benefícios fiscais concedidos por decreto em alguns Estados.
Pedágios exorbitantes também contribuem para a retração da economia do Estado de São Paulo. Rodovias estaduais administradas por concessionárias privadas aumentam os custos de logística e elevam o preço final de toda a produção. A assembleia paulista instaurou inclusive uma CPI para tentar apurar a razão dos altos valores praticados. Diversos problemas de infraestrutura contribuem para que empresas deixem o Estado. Além das rodovias e da crise hídrica, a falta de investimento na produção de energia contribui para o êxodo industrial. Desde a privatização da CPFL e da Cesp, em 97, praticamente não houve ampliação na produção, embora esta conste no edital que não é cobrado pelo governo.
A retração da economia do Estado de São Paulo mostra também o resultado de uma política nacional para o desenvolvimento de Estados tradicionalmente marginalizados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que em 2012 apresentaram uma maior participação no PIB nacional. Somado a isso está um crescimento maior do que a média nacional registrado no consumo familiar nas famílias do Norte e Nordeste entre 2002 e 2008. Ao contrário de São Paulo, todas as três regiões tiveram expansão das atividades de comércio. Além de desenvolver o país de forma mais equânime, o equilíbrio capital dos Estados proposto pela política federal blinda o resto do país em caso de colapso financeiro em São Paulo.
Atualização: dados divulgados pelo IBGE na terça-feira (07/04) mostram que mesmo diante de uma retração nacional de 0,9% na indústria em fevereiro, o Estado de São Paulo cresceu 0,3% nesse mesmo mês.