A grande beleza de Roma por Paolo Sorrentino

Vencedor do Globo de Ouro de filme estrangeiro e favorito ao Oscar na mesma categoria, o longa do diretor italiano Paolo Sorrentino declara seu amor a Roma no envolvente “A Grande Beleza, depois de dirigir Sean Penn em “Aqui É o Meu Lugar” (2011).

No filme, Jep Gambardella (Servillo), é um escritor que com 65 anos escreveu apenas um livro e vive de redigir entrevistas com personalidades para uma revista chique. O protagonista é um homem sofisticado e cínico, que observa o sublime e a banalidade a partir de seu terraço, em frente ao Coliseu. Circulando pela alta sociedade romana, frequentando baladas hedonistas e jantares burgueses, entre prostitutas de luxo, celebridades fúteis e fariseus candidatos a Papa, Jep coloca sua vida em perspectiva, e se autodefine “o rei da mundanidade”.

a grande beleza de Paolo Sorrentino

“Eu era destinado à sensibilidade. Eu era destinado a virar um escritor”, relembra o personagem. Apesar de não conseguir levar a sua obra a diante, Jep vê mais eloquência no olhar das estátuas e dos quadros, do que no falatório vazio dos homens.

O filme tem forte influência de Federico Fellini (1920 – 1993) é evidente em A Grande Beleza: o escritor frustrado que relembra o passado remete ao cineasta com bloqueio criativo de 8 e 1/2 (1963), enquanto os deslumbrantes passeios de câmera pela capital italiana evocam Roma de Fellini (1972).

Ao acompanharmos as funções de entrevistador do personagem principal fica clara a inspiração no personagem de Marcello Mastroianni em A Doce Vida (1960).

Com diálogos afiados, o diretor inspira-se em Fellini para captar o esplendor de Roma e conduzir sua câmera pelo interior de palácios e ruas desertas da cidade. Trata-se de um raro casamento entre a beleza da arquitetura e a riqueza das palavras.

A grande beleza

De Paolo Sorrentino. Com Toni Servillo, Carlo Verdone e Sabrina Ferilli
Drama, Itália/França, 2013
Duração: 142 minutos – Classificação: 14 anos

 

 

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