jan 20, 2015 Cidades, Notícias
Sirius é o nome do novo acelerador de partículas brasileiro produzido no CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), em Campinas. Um círculo com 235 metros de diâmetro, marca a posição do equipamento que custará R$ 1,3 bilhão e será financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pela Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Quando comparado com o famoso LHC, de 8,6 km de diâmetro, as dimensões do acelerador de partículas brasileiro são modestas. Acontece que o Sirius faz parte de uma outra categoria. O seu trabalho não é produzir colisões entre partículas, mas gerar um tipo especial de radiação, chamada de síncrotron.
Os raios de luz síncrotron são utilizados para produzir imagens de alta definição em técnicas de análise estrutural de materiais e moléculas. Uma das empresas que requer a tecnologia é a Petrobras, que necessita do mapeamento para o manejo de equipamentos de exploração e análise de rochas a serem perfuradas. O acelerador de partículas brasileiro também estará disponível para o estudo de proteínas, fármacos, análise de solo, produtos da agroindústria e até ligas metálicas. Empresas privadas terão que pagar para utilizar o espaço dos laboratórios.
A única potência equiparável à do Sirius será a do projeto sueco MAX IV, também em construção. O que coloca o acelerador de partículas brasileiro à frente em sua categoria é a baixa emitância. Ao contrário do seu predecessor brasileiro UVX, que tem emitância de 100 nanômetros-radianos (nm.rad), o Sirius terá raios de luz síncrotron com apenas 0,27 nm.rad, o equivalente a 0,5 micrômetro de largura ou 0,5% de um fio de cabelo. As dimensões reduzidas dessa radiação permitem que os raios cruzem longas distâncias sem se dispersar, como o laser, porém permitindo que seja possível sondar objetos pequenos com muito mais resolução. Essa qualidade toda está ligada também a grande produção de fótons, partículas de luz comum que ajudarão na observação detalhada das substâncias analisadas, até então opacas para o UVX.
Operando há 18 anos, o UVX levou 10 para ser construído e foi todo esse tempo que trouxe o conhecimento para que o novo acelerador de partículas brasileiro pudesse ser construído. Quando ficou pronto o UVX era um equipamento de segundo linha, no entanto, o Sirius é, e será o melhor em sua categoria também em 2018. Isso permite planejar colaborações entre países para o aproveitamento internacional dos recursos do acelerador de Campinas.
Com as obras iniciadas a três semanas, metade dos recursos serão destinados ao prédio que abrigará o novo acelerador de partículas brasileiro. Entre as exigências para os mais de 500 metros de circunferência, está a impossibilidade do piso contrair imperfeições maiores do que 0,25 mm por ano. Sob pena de atrapalhar o funcionamento da máquina. Mas nem dificuldades como essa devem abalar o projeto, que será produzido e desenvolvido através de empresas e tecnologias nacionais.