fev 04, 2015 Comportamento, Notícias
De acordo com pesquisa, os primeiros 16 anos após o nascimento são cruciais para definir o comportamento por quase toda a vida. Estudo também apurou que crescer em bairro pobre dificulta a ascensão social.
O trabalho que apresentou esses resultados foi feito pelos pesquisadores norte-americanos Douglas Massey, da Universidade de Princeton, e Jonathan Rothwell, do Instituto Brookings. Segundo eles, bairros mais pobres, onde as taxas de violência são mais altas, tendem a deixar sequelas de longo prazo, influenciando a saúde e a capacidade cognitiva de seus habitantes. Comunidades de periferia geralmente têm escolas de pior qualidade e ficam distantes das melhores oportunidades de emprego, o que dificulta a ascensão social. O estudo constata que um norte-americano menos favorecido economicamente deixa de ganhar US$ 900 mil durante sua vida, quando comparado às classes mais altas.
Para países com elevada concentração de renda, os dados de Massey e Rothwell são ainda mais preocupantes. Massey sugere que a alternativa para facilitar a ascensão social é criar bairros homogêneos, onde seja possível oferecer oportunidades similares a todos. Algo parecido com o que está sendo desenvolvido pela prefeitura com a Lei de Zoneamento. Entre as medidas estão incluir serviços em bairros residenciais, o que aumentaria a oferta de empregos locais e reduziria o deslocamento para trabalhar ou para conseguir atendimento médico, amenizando problemas de mobilidade.
Assim como foi feito em Londres após a Segunda Guerra Mundial, a cidade de São Paulo tenta se reestruturar com a construção de moradias populares também em bairros de classe média e alta, de forma que esta convivência diminua a concentração de cultura e facilite a ascensão social. Na Colômbia, a tentativa do prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, de construir um programa similar foi vista como um investimento pouco eficiente. O fato é que melhorar as condições de bairros pobres, como sugeriram os opositores da ideia, custa muito mais caro do que absorver a periferia. Lembrando que não estamos falando apenas de saneamento básico, mas sim do compartilhamento de cultura e experiências, fundamentais para a inclusão.
O pesquisador Massey lembra ainda que os norte-americanos costumam acreditar que o talento de cada um basta para a ascensão social, contudo, o que acontece é uma contração das habilidades em ambientes marginalizados.