ago 15, 2014 Brasil, Notícias, Saúde
O metilfenidato, popularmente conhecido como Ritalina, é uma substância química utilizada como estimulante leve do sistema nervoso central. Geralmente, é indicada como medicamento no tratamento de casos de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), narcolepsia e hipersonia idiopática do sistema nervoso central (SNC). A maioria das pessoas que consomem o remédio são adolescentes e crianças afetadas pelo transtorno. Essa alta no consumo da substância reflete em um maior acesso ao tratamento de pessoas portadoras de TDAH, ao mesmo tempo em que desperta atenção para o uso indevido do remédio.
Nos últimos dez anos, o consumo de Ritalina e de outras marcas com o mesmo princípio ativo do metilfenidato, aumentou 775% no Brasil. Os números subiram de 94 kg consumidos no ano de 2003, para 875 kg no ano de 2012. Já a importação da substância cresceu 373%, aumentando de 122 kg em 2003 para 578 kg em 2012. Esses dados foram obtidos através de uma pesquisa feita pela psicóloga Denise Barros do Instituto De Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), onde foram compiladas as informações dos relatórios anuais sobre substâncias psicotrópicas da Junta Internacional de Controle de Narcóticos.
Dados ainda mais recentes obtidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmam essa alta apontando que o número de caixas de metilfenidato vendidas no país passou de 2,1 milhões em 2010 para 2,6 milhões em 2013. Segundo a especialista Denise Barros, adultos tomam a substância com o intuito de manter o foco e a concentração. “Isso é comum entre concurseiros, vestibulandos e estudantes de medicina. Pouco se fala sobre isso no Brasil, mas nos Estados Unidos e em algumas partes da Europa, esse uso inadequado já é tratado como um problema de saúde pública”, alerta Denise. Mas poucos sabem que tomando os remédios nessas condições, o resultado se anula ou se opõe. A Ritalina só tem efeito perceptível e relevante em quem realmente precisa do medicamento.
Já o psiquiatra infantil e professor da UERJ, Rossano Cabral Lima, afirma que a alta no consumo se deve a falta de uma investigação aprofundada sobre possíveis causas de um comportamento alterado da criança, o que resulta em um diagnóstico precipitado e muitas vezes incorreto. Em contrapartida, o Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, acredita que ainda há milhares de brasileiros com TDAH sem tratamento e cita um estudo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria em 2012 no qual sugere que apenas 19% de brasileiros portadores de TDAH fazem o tratamento com a medicação adequada.